#021... CARNAVAL SEM FOLIA

Tô criando o hábito de todos os domingos, além de conversar com as paredes, dedicar alguns minutos para escrever palavras que ninguém vai ler. Isso parece idiota da minha parte, mas ajuda a deixar a minha vida mais leve. 


Eis que chegamos a um feriadão de carnaval que caiu do céu. Tô num período bem sabático. Amo ficar no meu apartamento estudando, cozinhando, dançando sozinho, batendo umas punhetas, e por aí vai. Do lado de fora da minha zona de conforto, as pessoas me acham um “cara legal”, mas tô em outra vibe.



Minha amiga de Porto Alegre querendo ir para os bloquinhos da Lopo Gonçalves comigo, minha amiga de Estrela querendo me encontrar no carnaval do Volúpia. Ah, desculpa amadas, mas o amigo de vocês tá precisando estudar. Sim, tenho uma prova no fim deste ano que vai decidir o rumo da minha vida.


Escolhi o feriadão para estudar Português, Informática, Direito Constitucional, Direito Administrativo e Direito Eleitoral. Tô me esforçando de verdade, resolvo muitas questões sobre as matérias e certamente o resultado aparecerá. Sigo firme na minha missão de estudar pelo menos 3 horas diárias. Tudo que eu quero é trabalhar no Poder Judiciário para viajar sem me preocupar com dinheiro. Outra motivação é ajudar minha família financeiramente. Ah, e claro, fazer minha cirurgia ortognática para corrigir de vez meus dentes tortos. Viu só? Então estuda, Róger!



Acordo todos os dias pensando que só depende de mim. E assim eu sigo, abrindo mão de muita coisa. Eu perdi algumas, mas certamente ganharei outras. Estar sem contato social com outras pessoas é algo tão eu. Meu mundo solitário é muito restrito. Não consigo me identificar com hábitos diferentes dos meus. Não me vejo numa roda de cerveja, num churrasco, numa missa. Nem sonhando eu coloco meus pés no Country Club, vulgo, CC. No fim das contas, ser diferente da maioria, só me favorece.


Meus pódios são outros. Amo corrida mais que chocolate. E por isso, não abro mão dos meus treinos. Aquele pace de quatro que sai borboletas da barriga é algo indescritível. E assim, o garoto vegano faz pace médio de 4:12/km e ocupa um espaço com representatividade. Levanto bandeiras para me levantar. Daí passo pelo churrasquinho do Tio Hélio, lotado. Depois passo pelo MC Donald’s, pelo Giraffas, pelos dogs da Piraí e tudo cheio de gente faminta por um podrão. É podre. É triste. É a porta de entrada para muitas doenças. É aquilo que o sistema estimula. As pessoas se envenenam com uma alimentação rica em gordura.


É. Meus 19 anos de veganismo em 2023 só reforçam aquele mantra que diz: “somos aquilo que comemos”. E complemento: a gente atrai aquilo que cativa. Os meus 58 kg, os meus exames médicos, os meus resultados nas corridas, os meus rolos, tudo é consequência das minhas escolhas. E olha só: tudo começou em 2004 quando descobri que o bezerro, filhote da vaca, é separado da mãe para não mamar e o leite que então seria para amamenta-lo é roubado pelo ser humano!


Mudando de saco pra mala: o que é aquele vendedor de artesanato?! Olhos verdes... Sorriso Colgate... Braços torneados... E uma voz! Caralho! Ele me pediu que horas era, errei até o braço que tava minha pulseira. Hahahaha. Tenho um gosto muito peculiar por homens. Já fiquei com todos os tipos (gordinho, magricelo, alemão, negão, baixinho, alto, mais novo, tiozão). Ahhh, sou louco por cara tatuado e não afeminado. Só não me atraio por playboy. Gêzuis! Daí tô criando coragem para convidar o gato pra vir no meu apartamento conhecer minha culinária. Mas já saquei que ele se ligou. Hoje, da minha sacada, vi aquele deus grego passar num sol de rachar ao meio-dia.


E assim, o feriadão tá sendo tudo que eu planejei. Bora lá, publicar este texto e dormir. Falta uma semana pra terminar o mês e só penso no meu pagamento. Aff.


Sigo sem fazer mal para ninguém e na paz que só encontro comigo mesmo.

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