“amortesalva”
Descolonize-se. E assim,
acordei num sábado pela manhã disposto a dar um rolê na capital. Na real, a ideia
surgiu quando fiz orçamento para imprimir umas leis que preciso pra estudar e
descobri que a mesma quantidade de cópias e encadernação realizada em Lajeado custa o
dobro do que se paga em Porto Alegre. Barbaridade, tchê! Hehehe.
Marquei um Blablacar e bora lá! Fui de Kwid e
voltei de Tracker por 60 pila. Essas caronas compartilhadas são
maravilhosas. Na ida, uma moça muito querida que não fechou a matraca daqui até
Porto Alegre. Contou toda a vida dela. Hahahaha. No retorno, um gatão
usando bermuda branca da CBF, que logo foi se
apresentando pra mim: “tô indo pra Encantado, minha namorada é de lá”.
Só podia mesmo ser hétero pra eu babar os ovos. Que ódiooooooo!
Então, cheguei em Porto Alegre por volta das 10 da manhã. A moça tagarela foi super gentil e me deixou em frente ao Donna Laura, paraíso vegano. É o meu lugar predileto! Tomei aquele cafezão da manhã. Saudades da época que eu morava perto e ia quase todos os dias. Agora, só de vez em quando mesmo.
Teve enroladinho de salsicha vegetal, pizza com queijo de
castanha e duas xícaras de café com leite de amendoim. Ahhh,
depois rolou um almoço pra lá de delicioso: strogonoff de grão-de-bico, arroz, batata sauté e
saladinha. Me senti um obeso comilão. Hahahahaha.
O meu objetivo principal era imprimir uma apostila de 360
páginas que eu mesmo criei. Peguei todas as leis que irão
cair na minha prova e montei. Em Lajeado, custaria em torno de 300 pila. Na
capital, adivinha? Apenas 80! Eu juro que não entendo o porquê. E um detalhe: cópia
colorida e encadernada.
Nesse meio tempo, entre uns comes e a missão, comprei um plano de
aluguel de bicicleta. Baixei o aplicativo do “Bike Poa Itaú”,
cadastrei meu cartão de crédito e por 12 pila tive direito a fazer viagens de
até 60 minutos. Legal, né?! Tem pacotes mensais e anuais também. Em questão de
segundos tu vai de um lado pro outro, pois há dezenas de ciclovias em Porto
Alegre.
Peguei as minhas impressões, coloquei na mochila, subi na
bike e cruzei Porto Alegre. Da Redenção
ao Gasômetro. Da Casa de Cultura Mário Quintana até a Cidade
Baixa. Sem contar as fotos e vídeos que rolaram.
Curiosidade: havia bastante crente distribuindo livros sobre o apocalipse pelas ruas. Por todos os lados! Daí uma senhora tentou me abordar. Vaza, tia! Sou um pouco estúpido, às vezes. Olhei pra ela, sorri com ar de deboche e virei a cara. Não foi hoje que deus conseguiu
me provar que existe. Hahahahaha.
Agora que tenho as leis em mãos, é só caprichar. Vou me
dedicar mais do que nunca. Já assinei um site de questões para praticar e estou
me dedicando de quatro a seis horas por dia. Durante a semana cortei, com muita
dor no coração, os treinos de corrida e a academia. Agora somente aos finais de
semana.
O cargo de Técnico Judiciário vai
pagar em torno de R$ 8 mil reais por mês para trabalhar 40 horas semanais. Ainda não
tem a data da prova, porém, o edital está previsto para agosto deste ano. Pela
minha experiência como concurseiro, aposto que a aplicação dos exames
será em novembro ou dezembro. Até lá, foco total para acertar
90% das questões e estar entre os primeiros colocados.
É por mim o esforço! Eu quero ter dinheiro para
viajar. Mas acima de tudo, me descolonizar e ir embora de Lajeado. Não me
identifico com NINGUÉM aonde eu moro. Nenhuma pessoa que vejo na rua me faz ter vontade de continuar morando aonde eu nasci. Tenho a cabeça aberta, sou vegano há 19 anos, sou demissexual, sou ateu
praticante, sou atleta e ciclista urbano.
Não tô reclamando. É que me dá frio na barriga só de pensar que “sou
servidor público e logo irei adquirir minha estabilidade na prefeitura de
Lajeado”. Hahahahaha.
Se eu fosse acomodado isso significaria:
“Parabéns, tu vais trabalhar e morar na colônia até se aposentar!”.
Nãoooooooo!
Solitário, mas muito feliz. Não tenho companhia pra
fazer programas em Porto Alegre. Me sinto um leão, às vezes. Afinal de contas é o único
animal a andar pela selva sozinho. Mas deixa assim. Enquanto os outros estão com
suas famílias, com seus namoros, com suas competições de corrida, com seus
objetivos na vida, eu sigo em silêncio construindo meu futuro.
Olha aí o sorvete vegano da Bellona: Flocos e Ferrero Roche, ambos a base de soja.
E sobre ser sozinho, não é tão ruim assim. Pra
estudar, ninguém me incomoda. Pra comer, não preciso dividir. Pra ir passar um
dia em Porto Alegre, independe de convite. Tudo tem um lado bom na vida. E
eu sigo com meus princípios, poluindo menos o planeta e não abrindo mão de meus
valores.
Ahhh, dia 04 de maio estarei de volta à Porto Alegre. Meu
aniversário vai cair numa quinta-feira. Quero correr meia-maratona da Orla da Guaíba até a Prainha de Ipanema e depois comer doce e salgado até passar mal. Tô ficando
velho e os trinta e cinco anos de vida tão logo ali. Credo!
“você é a única
exceção!”
*
tô mudando de endereço físico. Se sobrar um tempo entre uma caixa e outra, vou continuar escrevendo este blog que ninguém lê. É minha terapia.
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